a casa estava exactamente na mesma. desde a última vez... durante décadas o relógio de pêndulo da sala grande não estremecera sequer! os ponteiros continuavam estáticos, imóveis dos raios de luz que finalmente agarravam o vazio daquela casa. o tempo ali não passava, não dava sinais de existência. o cheiro a pinho e o calor remanecente da lareira relembravam agora o doce sabor a felicidade sentida por muitos e vivida por quase todos. outrora, a casa transbordara de sorrisos e gargalhadas. as palavras eram sentidas e não ditas. hoje não... hoje diz-se o que se sente e não se sente o que se diz. porque no fundo tudo mudou. tudo menos as recordações que vão resistindo à erosão que o tempo provoca nas pessoas. essas irão perdurar para sempre. nem a maior catástrofe natural poderá detê-las! as recordações apaziguam o espírito. quando são boas, é claro.